São José de Anchieta SJ (San Cristóbal de La Laguna, 19 de março de 1534 — Reritiba, 9 de junho de 1597) foi um padre jesuíta espanhol, um dos fundadores da cidade brasileira de São Paulo. Foi beatificado em 1980 pelo papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo papa Francisco, sendo conhecido como o Apóstolo do Brasil. Anchieta é o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias, e pai da literatura brasileira. Foi canonizado por decreto papal (canonização equivalente)em 3 de abril de 2014 pelo Papa Francisco, tornando-se o segundo nativo santo das Ilhas Canárias, após Pedro de San José Betancur. Seu pai foi um revolucionário basco que tomou parte na revolta dos Comuneros contra o Imperador Carlos V na Espanha e um grande devoto da Virgem Maria. Era aparentado dos Loyola, daí o parentesco de Anchieta com o fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola. Sua mãe era natural das Ilhas Canárias, filha de judeus cristãos-novos. O avô materno, Sebastião de Llarena, era um judeu convertido do Reino de Castela. Dos doze irmãos, além dele abraçaram o sacerdócio Pedro Nuñez e Melchor. Anchieta viveu com a família até aos quatorze anos de idade, quando se mudou para Coimbra, em Portugal, a fim de estudar Filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra. A ascendência judaica foi determinante para que o enviassem para estudar em Portugal, uma vez que na Espanha, à época, a Inquisição era mais rigorosa. Ingressou na Companhia de Jesus em 1 de Maio de 1551 como noviço.Tendo o padre Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a atividade de evangelização do Brasil (mesmo os fracos de engenho e os doentes do corpo), o Provincial da Ordem, Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de Anchieta. Desde jovem, Anchieta padecia de tuberculose óssea, que lhe causou uma escoliose,
agravada durante o noviciado na Companhia de Jesus. Este fato foi
determinante para que deixasse os estudos religiosos e viajasse para o
Brasil. Aportou em Salvador a 13 de Julho de 1553, com menos de 20 anos de idade e vindo na armada do segundo governador-geral do Brasil, Dom Duarte da Costa com outros seis companheiros, sob a chefia do padre Luis da Grã.Anchieta ficou menos de três meses em Salvador, partindo para a Capitania de São Vicente no princípio de outubro, com o padre jesuíta Leonardo Nunes, onde conheceria Manuel da Nóbrega e permaneceria por doze anos.Anchieta abriu os caminhos do sertão, aprendendo a língua tupi, catequizando e ensinando latim aos índios. Escreveu a primeira gramática tupi-guarani da América Portuguesa, chamada "Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil", que foi publicada em Coimbra em 1595. No seguimento da sua ação missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, um colégio de jesuítas do qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo, junto com outros padres da Companhia, em 25 de janeiro de 1554, recebendo este nome por ser a data em que se comemora a conversão do Apóstolo São Paulo. Esta povoação contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam recebido o batismo. Sabe-se que a data da fundação de São Paulo é o dia 25 de Janeiro por
causa de uma carta de Anchieta aos seus superiores da Companhia de
Jesus, na qual diz:
"A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa ! "
Lutou contra os franceses estabelecidos na França Antártica na baía da Guanabara; foi companheiro de Estácio de Sá, a quem assistiu em seus últimos momentos (1567). Em 1566 foi enviado à Capitania da Bahia com o encargo de informar ao governador Mem de Sá
do andamento da guerra contra os franceses, possibilitando o envio de
reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Por esta época foi ordenado
sacerdote aos 32 anos de idade. Dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro por três anos, de
1570 a 1573. Em 1569, fundou a povoação de Reritiba (ou Iriritiba),
atual Anchieta, no Espírito Santo. Em 1577 foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil,
função que exerceu por dez anos, sendo substituído em 1587 a seu próprio
pedido. Retirou-se para Reritiba, mas teve ainda de dirigir o Colégio
do Jesuítas em Vitória,
no Espírito Santo. Em 1595 obteve dispensa dessas funções e conseguiu
retirar-se definitivamente para Reritiba onde veio a falecer, sendo
sepultado em Vitória. A 27 de fevereiro de 2014, o Papa Francisco anunciou que o Padre Anchieta seria canonizado em Roma,
em abril de 2014. Após um processo de canonização de mais de 400 anos, o
decreto foi assinado a 3 de abril de 2014. Em 24 de abril realizou-se a
cerimônia de Ação de Graças, presidida pelo Papa, realizada na Igreja de Santo Inácio de Loyola de Roma. O Padre Anchieta é o segundo santo nativo das Ilhas Canárias, depois de Pedro de Betancur. cuja festa litúrgica se comemora em 24 de abril. Foi uma canonização por decreto ou canonização equivalente, sendo a sexta canonização pelo Papa Francisco, bem como o segundo jesuíta a ser canonizado pelo próprio Papa, depois do francês Pedro Fabro. Da mesma forma, foi a primeira canonização de 2014. O processo durou 417 anos e foi um dos mais longos da história. Não
foi necessário a comprovação dos milagres, normalmente pelo menos dois,
um para a beatificação, outro para a canonização. Anchieta não tem
nenhum milagre comprovado oficialmente.No dia 3 de abril de 2014, o Papa Francisco assinou o decreto que proclama a santidade do Padre Anchieta.
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