O incêndio na boate Kiss foi um incêndio não intencional que vitimou pelo menos 237 pessoas e feriu pelo menos 124 outras em uma casa noturna de Santa Maria, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. O incêndio ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 e foi causado por um integrante da banda que se apresentava na casa noturna. As más condições de segurança da casa contribuíram para que diversas pessoas morressem. É considerada a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um incêndio, sendo superada apenas pela tragédia do Gran Circus Norte-Americano, ocorrida em 1961, em Niterói, que vitimou 503 pessoas, e teve características semelhantes ao incêndio ocorrido na Argentina, em 2004, na discoteca República Cromañón. É também a quinta maior tragédia da história do Brasil, a maior do Rio Grande do Sul, a de maior número de mortos nos últimos 50 anos no Brasil e o terceiro maior desastre em casas noturnas no mundo. O incêndio iniciou um debate no Brasil sobre a segurança e o uso de efeitos pirotécnicos em ambientes fechados com grande quantidade de pessoas. A responsabilidade da fiscalização dos locais também foi debatida na mídia. Houve manifestações em toda a imprensa nacional e mundial, que variaram de mensagens de solidariedade a duras críticas sobre as condições das boates no país e a omissão das autoridades. A festa denominada "Agromerados" iniciou-se às 23 horas UTC-2 de 26 de janeiro de 2013, sábado, na boate Kiss, localizada na rua dos Andradas, 1925, no Centro da cidade de Santa Maria. A festa foi organizada por estudantes de seis cursos universitários e técnicos da Universidade Federal de Santa Maria. Duas bandas estavam programadas para se apresentarem à noite. Segundo a Reuters, havia cerca de 500 pessoas na boate quando começou o fogo, embora relatos de um segurança que estava no local, ao jornal Estado de São Paulo, apontem para entre 1 000 e 2 000 pessoas dentro do local. A maioria era de estudantes, uma vez que ocorria uma festa da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia. Por volta das 2h30min de 27 de janeiro, durante a apresentação da Banda Gurizada Fandangueira, a segunda banda a se apresentar na noite, um efeito pirotécnico com faíscas que saíam do chão iniciou o fogo. A espuma acústica no teto da casa foi atingida e propagou as chamas. A banda tentou apagá-las com água e os seguranças com extintores, mas não obtiveram sucesso. Em cerca de três minutos, o fogo se espalhou por toda a boate. Pessoas que estavam dentro da boate relataram que, no início do incêndio, os seguranças bloquearam a única porta de saída do local, por acreditarem tratar-se de uma briga, no intuito de impedir que as pessoas saíssem sem pagar (a boate funcionava com comandas). Muitas vítimas forçaram a entrada pelas portas dos banheiros, confundindo-as com portas de emergência que dessem para a rua, que de fato não existiam na boate. Em consequência disso, 90% dos corpos estariam nos banheiros. Às 3h20min, de dentro da boate, uma moça conseguiu enviar uma mensagem através da rede social Facebook, informando do incêndio e pedindo ajuda. Ainda sem saber das dimensões da situação, amigos pediram mais informações, mas não obtiveram resposta. Um deles comentou que viu o carro dos bombeiros se dirigindo para a boate. Horas depois, o nome da moça foi divulgado na primeira relação das vítimas fatais. Oito militares que trabalhavam no resgate das vítimas morreram dentro do prédio. O fogo foi controlado somente por volta das 5h00 de 27 de janeiro, mas, por volta de 7h00, os bombeiros ainda permaneciam no local fazendo o trabalho de rescaldo. O prédio ficou destruído e corre risco de desabamento de acordo com os bombeiros. Em 3 de fevereiro, o médico Marcelo Cypel, que mora no Canadá e é diretor do programa de suporte pulmonar extracorpóreo da Universidade de Toronto, veio ao Brasil para prestar tratamento especializado aos pacientes internados por pneumonite, que naquele momento ainda totalizavam 113, dos quais 72 em estado grave. A técnica de ventilação extracorpórea proposta pelo médico permite uma regeneração do pulmão a partir do próprio sangue do paciente e seria viabilizada por um equipamento doado por uma empresa alemã.
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